Olá,
Imagine a cena:
Você tem uma consulta médica marcada para às 14h. Chega às 13:50 no consultório, espera quase uma hora (além do seu horário) para ser atendido, finalmente o médico te chama. Ele nunca te viu, pergunta o que você está sentindo, no máximo sabe a sua idade. Não te pesa, não pergunta sua altura, nem sobre seus hábitos ou doenças preexistentes, passa um monte de exames e manda voltar com eles prontos.
Você também pode substituir essa cena por uma versão “encurtada” (se é que isso é possível): o médico pergunta “o que você tem” (opa, não era ele quem deveria dizer isso?), fecha um diagnóstico precipitado, estica a mão até um armário que está perto dele, te dá umas amostras grátis, pega o receituário, coloca uns nomes específicos de remédios em uma letra impossível de ler e fala pra você voltar quando terminarem os medicamentos.
Ah, mas tudo bem, você deve pensar que o consultório tá cheio, que as pessoas (inclusive você) vivem com pressa, que o médico é bom e por isso ele resolve rápido e por aí vai…afinal, na prática, um atendimento nesses moldes acontece com frequência.
Raros são os profissionais, atualmente, que fazem a tal da anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória); conversam com o paciente, perguntam sobre o cachorro, o papagaio e o periquito..os filhos, os hábitos, sobre a sua vida e a da sua família. Mas você sabia que essa forma mais demorada de atender o paciente tem um nome? Ela se chama “Slow Medicine” e é de suma importância, principalmente para diagnósticos complexos como os dos distúrbios do movimento.
Não estou falando que o atendimento rápido não possa ser eficaz. Mas cá pra nós, eu me sinto muito mais segura quando a consulta é realmente uma consulta, se alonga mais, quando o médico conversa sem pressa com você, é ou não é?
Nesse post e em alguns seguintes, vou compartilhar com vocês informações sobre esse tema, que em tradução livre quer dizer: medicina lenta. A consulta pode ser demorada e de fato é, e esse é o seu propósito, investigar, conhecer melhor o paciente em questão, ter mais precisão no diagnóstico, conhecendo realmente quem é o paciente o que ele sente, como vive.
A “Slow Medicine” está baseada na arte de cuidar.
É preciso tempo para ouvir, tempo para refletir, tempo para construir relações sólidas e duradouras entre médicos, pacientes, famílias e comunidade. O objetivo desta filosofia e prática médica é: oferecer o melhor cuidado ao paciente, baseando-se nas melhores evidências científicas, centrando o foco no paciente e em seus valores, elaborando decisões ponderadas e cautelosas, sempre trocando informações com o paciente.
A proposta é que através do cuidado o médico busque a tecnologia apropriada à cada paciente e de sua situação vivencial, tendo como premissa que nem sempre fazer mais significa fazer o melhor.
Para começarmos a nos aprofundar sobre esse tema provocativo e tão em voga, trouxe até vocês uma entrevista onde o Dr. Fernando Gomes Pinto conversa com o professor e Dr. Dario Birolini sobre Slow Medicine, para a Webserie Neurolife. Assista no link https://youtu.be/gv106AoCtY8
Sobre Dario Birolini

Formado pela Faculdade de Medicina da USP em 1961, foi Professor Titular de Cirurgia Geral e do Trauma e atualmente é Professor Emérito da Universidade de São Paulo. Membro honorário do Colégio Brasileiro de Cirurgia, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, da Força Aérea Brasileira, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, do Colégio Americano de Cirurgiões e da Associação Americana de Cirurgia. Fundador da Sociedade Brasileira para o Atendimento Integrado do Traumatizado. Introduziu no Brasil o Curso Avançado de Vida em Trauma (ATLS). Autor de diversos trabalhos científicos e capítulos de livros (co-autor em 23 publicações – a maior parte delas nas áreas de: trauma, mergências cirúrgicas, cuidados perioperatórios e metabolismo em cirurgia).
Gostou?
Acompanhe os próximos posts e saiba mais sobre Slow Medicine.
Até lá!
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